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VII CAMILLE CLAUDEL (1864-1943) MULHER , ARTISTA , ESCULTORA e ... MULHER ALÉM DE SEU TEMPO

  • Liana Rosemberg
  • 18 de jan. de 2022
  • 5 min de leitura

Vida e obra



Na sua vida privada Camille estava arriscando mais do que Rodin , e justamente temia as consequências da descoberta . Na vida profissional , dúvidas e frustações estavam aparecendo . Ela deu muito a Rodin : sua energia , talento , mesmo sua beleza , ao posar para inúmeros retratos feitos por ele entre 1884 –1886. Sua contribuição como modelo estendeu-se a alguns nus que Rodin criou durante esse período . Em troca ela esperava um forte suporte no mundo da arte para exposições , artigos em jornais e revistas e a possível introdução a possíveis compradores .


Em 12 de outubro de 1886 Rodin ofereceu um contrato prometendo que Camille seria sua única aluna , que a protegeria por todos os meios que dispunha , que na exposições teria o possível pela colocação e os jornais , e que pós seis meses de vida de ralação indissolúvel casaria com Camille . Esse contrato possuía duas premissas , a profissional e a privada . A primeira fundamentava uma associação privilegiada com o mais importante escultor do período bem como a exclusividade desse tutor ; realocação dos trabalhos de Camile nas exposições e assistência com os jornais e revistas . A segunda assinalava a vitória da persistência de Camille com relação ao casamento , como uma necessidade que também sugere que a quebra com os valores morais da burguesia não a agradava e que considerava o casamento uma necessidade social e emocional .

Só podemos conjecturar sobre o que pretendia Camille com esse contrato privado nas mãos , uma vez que os códigos morais do século permitisse que tal documento fosse utilizado como instrumento legal, nada indica que tenha pensado em usá-lo como tal. Era suficiente para Camille o contrato informal que a reconhecia como artista e como a mulher amada pelo homem que amava e pela sociedade que controlava seu futuro .


Sua relação com Rodin afastou da possibilidade de ter amigas de sua idade em Paris . A descoberta dessa relação pela família Claudel foi desastrosa para Camille . A artista teve que sair da casa da família e alugar outro lugar cujo aluguel seria pago por Rodin Aos olhos do irmão Paul , um convertido extremado ao catolicismo , Camille tornara-se uma impura ! O talentos artísticos , o sucesso de suas obras , as ideias agnósticas e sua relação amorosa com Rodin era uma catástrofe para Paul para quem esse fato foi uma traição final . Provocou nele um ódio profundo por Rodin e um permanente desprezo pela conduta da irmã . O mesmo pode ser dito pelas reações da mãe Mme Claudel e sua irmã mais nova, que apavoradas com a possibilidade de um escândalo jamais perdoaram Camille .


O final dos anos 1880 provou serem anos de mudança , esperança , e produtividade para Camille . Apaziguada pelas promessas de Rodin , o comportamento de Camille tornou-se mais ameno permitindo um melhor entendimento com Rodin .



Auguste Rodin La Pensée


Rodin não terminou a escultura? Do bloco de mármore o artista só esculpiu a parte superior dando - lhe a forma de rosto . A jovem mulher tem a cabeça sob um capucho , que lhe esconde os cabelos , e cujo rosto que se inclina ligeiramente para frente ----- o olhar perdido na vida . Ela parece estar longe , perdida em seus pensamentos . Temos, portanto , “ la pensée” justamente o título dado a essa obra . Na realidade , ele utilizou os traços de uma mulher para representar uma ideia , aqui o pensamento . Por outro lado o resto do bloco permanece bruto , intocado pelo artista . Rodin mostra aqui de que através do imaginário nossos pensamentos surgem perfeitos de qualquer parte .



La Pensée detalhe



Que se chama Camille ...


A jovem mulher que posou não é uma simples modelo ----- trata-se de Camille Claudel ela também uma artista escultora muito dedicada a sua arte . Aluna de Rodin durante um tempo , posa regularmente para ele , assim como divide sua vida . Com efeito Auguste e Camille tiveram uma relação amorosa e podemos crer que La Pensée esconde uma peso importante para Rodin .



O corpo encontra-se mais visível no belo nu “La Danaïde” para o qual posou num momento de privacidade . Foi seu espírito e sentimento apaixonados que inspiraram Rodin .

Portanto Camille foi musa e a artista companheira dos sonhos de Rodin. Também um eco do de seu passado . Com ela Rodin encontrou novamente a parceira de sua juventude , a amada irmã Maria morta aos 24 anos . Camille possuía a mesma determinação , a mesma força de caráter , e a mesma compreensão da genialidade de Rodin . Entretanto , ele não pode dar a ela mais do que poderia encarar a ideia de abandonar Rose .


Auguste Rodin La Denaïde

La Danaïde por Auguste Rodin. O objetivo de Rodin era tornar os sentimentos internos através do movimento muscular. Danaide mostra o objetivo de Rodin de reproduzir na superfície, a alma, o amor, a paixão, a vida. Esta esplêndida escultura está entre as obras mais famosas de Rodin. Representa uma das filhas de Danaus, Rei de Argos, condenada no Hades a encher de água perpetuamente um vaso cheio de buracos, como punição pelo assassinato de seu marido. Que ritmo primoroso e beleza de contorno existe nesta figura esbelta de menina, que se jogou ao lado do riacho em desespero . Reparem na maestria dos belos cabelos molhados que quase desaparecem nas águas correntes do riacho simbolizando o destino impossível ao qual devia seguir.


Sakuntala



Camille Claudel Sakuntala


Sakuntala um grupo em gesso terminado a tempo para o Salon de 1888 que mereceu uma menção honrosa . Camile lhe deu o nome de uma heroína do drama hindu do século quinto do poeta Kalidasa . Conta a lenda que o Rei Duchmanta apaixonado poeta Brâmane Sakuntala lhe deu um anel de casamento . Quando o feitiço varre a memória do rei a memória do rei Sakuntala não é mais reconhecida como esposa e é obrigada a se refugiar na floresta , onde dá a luz a uma criança . Somente o anel pode restaurar a memória do rei , mas este encontra-se perdido no lago Anos mais tarde um pescador o encontra e os amantes são reunidos . Camille escolheu o momento do reencontro quando o rei de joelhos, com a cabeça levantada para Sakuntala , recebe a graciosa mulher que se abandona a carícia . O braço esquerdo envolve sua amada e o direito a segura porque ela parece desmaiar sob a força da emoção . O erotismo dos corpos nus chegados um ao outro é transcendente pela postura delicada e modesta da mulher , cuja mão esconde seu seio , enquanto a cabeça se apoia sobre a fronte do marido .

Além do perfeito equilíbrio plástico construído com infinita leveza da modelagem , e um sentido agudo perfeito da composição , Sakuntala se impõe , portanto por sua dosagem sábia do físico e do sensível e se inscreve perfeitamente no desenvolvimento da arte de Camille Claudel !



A lenda de Sakuntala atraiu Camille por razões artísticas e pessoais . A jovem artista certamente poderia vincular-se a inocente Sakuntala , que acreditou no rei e foi deixada numa posição difícil . Como Sakuntala , Camille foi obrigada a esconder um aspecto de sua vida , e esperar que poderia eventualmente ser reconhecida . O ano de 1887 não foi fácil , dedicou-se ao trabalho por horas e as vezes parecia que esgotava-se física e mentalmente . Embora no contrato de Rodin acordasse que Maio seria a data limite para A “ligação indissolúvel” , o fato é que casamento foi adiado desta vez sem data , ou seja "ad ominia seclorum" .



 
 
 

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