VI CAMILLE CLAUDEL (1864-1943) MULHER , ARTISTA , ESCULTORA e ... MULHER ALÉM DE SEU TEMPO
- Liana Rosemberg
- 8 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Um amor difícil
O romance de Camille e Rodin permaneceu por muitos anos envolto em mistério . Sua origem ilícita poderia explicar a relutância do parceiros e amigos em comenta-lo abertamente . Ao início do relacionamento Camille ainda vivia com seus pais e Rodin mantinha a Longínqua companhia de Rose Beret . Portanto , é compreensível que ambos teriam cuidado para não serem descobertos .
Fatos que eram negados foram descobertos através de cartas ou jornais mais tarde , até porque cartas e telegramas eram os únicos meios de comunicação a época do dezenove e era bastante comum que pessoas educadas guardarem cuidadosamente recordações de suas correspondências . Essa correspondência seria uma fonte valiosa de informação para qualquer pesquisador . Infelizmente , a assídua correspondência com o pai desapareceu após seu confinamento no Asilo de Montdevergues , provavelmente destruída. No início de 1900 , uma coleção de cartas de Rodin para Camille foram entregues ao Museu Rodin por Mathias Morhandt . Seus conteúdos eram sem dúvida muito afetivos , essas cartas jamais deveriam ser publicadas , uma questão de discrição.
Essas cartas desapareceram do Museu , e o envelope com a subscrição manuscrita de Rodin “Cas Camille Claudel” que as guardava foi encontrado vazio . Curiosamente , alguns desses documentos reapareceram anos depois e estão de volta aos arquivos do Museu . (quatro foram encontrados em 1988 na casa de Cécile Goldscheider ex curadora do Museu , após sua morte.) O primeiro documento é uma carta escrita por Rodin e não assinada que começa com “Ma féroce amie” seguido de uma torrente apaixonada omitindo períodos , vírgulas e letras maiúsculas!!
“minha pobre cabeça está doente , não pude mais me levantar de manhã . Ontem a Noite vaguei por horas nos nossos lugares favoritos em encontra-la . Como seria
doce a morte , e como é longa a minha agonia . Por que me esperaste no meu
ateliê ? Aonde estás indo? A qual sofrimento estou destinado? Durante os
momentos de esquecimento , sofro menos , mas hoje a dor permanece . Camille
minha amada apesar de tudo , apesar da loucura que sinto eminente e na qual
estarei entrando se isso continuar . Porque não acreditas em mim ?...............
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Acabou . Não trabalho mais , deusa malévola , mas ainda a amo furiosamente .
Minha Camille eu asseguro que não sinto amor por nenhuma outra mulher e
Que minha alma pertence a você . .................................................................
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Eu beijo suas mãos , meu amor , você me deu uma tal alegria exaltada e ardente
perto de você minha alma vive um amor intenso e apaixonado , meu respeito por
você está sempre acima de tudo , o respeito que tenho pelo seu caráter , por você
minha Camille é a causa da minha paixão . ..............................................................
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Ah! Beleza divina, flor que fala e ama flor inteligente minha amada . Minha querida
Eu estou de joelhos olhando seu belo corpo o qual abraço" (excertos da longa carta de Rodin para Camille (tradução livre da autora) Rodin acima se refere a sua escultura “Èternelle Idole”
Camille pode ter inspirado a figura dessa mulher melancólica , estendendo-se sobre o amante vencido perdida em seus pensamentos . Ela era simultaneamente “parte do paraíso” que participa da vida de Rodin e a “deusa malevolente” que o atormenta com sua conduta imprevisível . Confuso , desorientado , pela necessidade constante de ver sua musa rebelde apela para a ajuda de Jessie Lipscomb .
Embora a atitude de Camille possa parecer a de uma adolescente mimada, ela estava bastante focada na sua carreira artística para correr o risco de perder seu mestre e mentor por um mero capricho , na realidade parecia motivada pela necessidade de melhorar suas crescentes circunstâncias nas dificuldade artística e emocionais .
Auguste Rodin L´Éternelle Idole 1891

a imagem retrata a veneração do homem
pela mulher. A mulher se deixa adorar pelo homem .
"Elle triomphe sans orgueil , placide , mais invincible souveraine . Et lui, nu , agenouillé , humble , la , en detrésse humaine en ferveur passionnée , les mains derrière le dos , pour bien marquer qu´il est l´esclave et non le maître , appuie sa tête au bas de la gorge , sur le flanc de la femme, qu´il baien enfant adorant la madone , en dèvot recevant hostie" (Paul Marguerite , L`Écho de Paris , 21 mai 1896)
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