Mulheres Profissionais da época II

E a luta continua pelo reconhecimento

As pinturas executadas anos antes da Revolução Francesa elencando as naturezas mortas de Vallayer-Coster aos retratos de Vigée Lebrun e Labille-Guïard revelam as dificuldades de negociação da competição entre as ideologias dos grupos crescentes antiéticos : A familia real com seus seguidores e expectativa que a arte deveria elogiar , incensar , e a classe média com sua crescente demanda para pinturas de virtude moral . Anos antes da Revolução Francesa pintoras como Vigée Lebrun e com menos intensidade Labilee-Guïard foram significativas introduzindo a imaginária do natural na iconografia da aristocracia . Muitos dos autoretratos e outros retratos de mulheres de Vigée Lebrun eram representadas vestidas com simples túnicas gregas do revival neoclássico ajudando a disseminar a imagem do corpo livre natural da mulher e a nova imagem da maternidade associada com ela .

A Paris na qual essas mulheres trabalhavam era a de Luís XVI e Maria Antonieta . O prestígio da Academie Royale tornara-se menos no meio do século dezoito com a fundação da Academie de Saint-Luc em 1751 Esta Academie não tinha um calendário regular de exposições nem residência fixa , entretanto foi significativa na formação das mulheres artistas . Tanto Vigée Lebrun como Labille-Guïard iniciaram sua vidas profissionais na sua exposições .

Academie de Saint-Luc em 1751 Esta Academie não tinha um calendário regular de exposições nem residência fixa , entretanto foi significativa na formação das mulheres artistas . Tanto Vigée Lebrun como Labille-Guïard iniciaram sua vidas profissionais na sua exposições .

O desejo para que a arte confirmasse os valores morais contemporâneos dominava a crítica na metade do século XVIII . Diderot elogiava Greuse e Chardin no 1760 pela dignidade e virtude de suas representações , opostas as de Boucher , escreveu após o Salão 1765 “não sei o que dizer sobre este homem . Degradação de gosto , cor , composição , caráter , segue sobre depravaçãoda moral . O que pode estar na imaginação do homem que passa a vida com uma mulher livre e de classe baixíssima?” ( Diderot , Essais sur la peinture Herman éditeurs des sciences et des arts , 1984 .Trad. livre da autora)

François Boucher Odalisca brunete

François Boucher O banho de Diana

Jean Baptiste Greuze O cântaro quebrado

Greuze o pássaro morto

Jean Chardin a mãe dedicada Museu do Louvre

Chardin A mãe rendeira

O culto a ditosa maternidade era uma das mais óbvias expressões na representação da nova e envolvente ideologia da família . Não era mais a família vista como linhagem ao contrário , começa a ser concebida como uma unidade social na qual o indivíduo poderia encontrar felicidade como marido e mulher , pais e mães . Esta ideologia de família feliz , entretanto era na realidade uma peneira de contradições . Leis impediam as mulheres a todos os direitos de propriedade e a pessoa acompanhada de um enaltecimento do casamento como uma parceria amorosa . As crianças tornam-se mais importantes e campanhas para mudar seus cuidados se iniciam .

O Salon de 1785 que inclui o quadro de Jacques Louis David “O juramento dos Horácios” . O neoclassicismo de David expõe a severidade e o racionalismo do estilo e o tema da virtude patriótica e heroísmo masculino são indícios da mudança política e social das próximas décadas . Representação de um mundo no qual a diferença está cuidadosamente afirmada e realizada . As figuras masculinas eretas e com os maculos retesados as espadas elevadas contrastam com as figuras femininas que a um canto sentadas lamentam e choram , a composição reforça a separação das esferas masculina e feminina numa absoluta definição que logo será institucionalizada na França Revolucionária . Em 1789 o conflito entre o republicanismo radical contra o conservantismo social na França era totalmente evidente .

Jacques Louis David O Juramento dos Horacios

Em 06 de Outubro de 1789 as mulheres marcharam sobre Versailles protestando pela falta de pão! O ataque sobre as mulheres de publico revelaram os medos dos revolucionários de que as mulheres caso permitidas a entrar no reduto público tornarem-se não mulheres senão abomináveis perversões de sexualidade feminina!!!! As mulheres iniciaram a Revolução Francesa e posteriormente foram mais uma vez esquecidas como “Évidentes Émeutières” “revolucionárias verdadeiras” (Georges Duby et Michelle Perrot Histoire des Femmes V. 3 XVI.XVIII in Paroles, Atitudes, Gestes p489-496 Éditions Plon 1991)

As mulheres foram excluídas da representação dos Estados Gerais Em189; entretanto publicações de Condorcet , Olympe de Gouge e outros apoiaram papel das mulheres na sociedade revolucionária . Durante os próximos dois anos a situação das mulheres artistas mudou dramaticamente .

A reorganização da Academie Royale deu o direito para as mulheres de exibir nos Salons , mas o treinamento livre oferecido pela Ècole des Beaux Arts permaneceu proibido assim como o direito de competir ao Prix de Rome (conceituado premio concedido por um júri ao melhor trabalho apresentado) . A abertura do Salon às mulheres foi decisiva para que após a Revolução em grande número de mulheres lá expusessem seus trabalhos . Labille-Guïard expos oito retratos de deputados da Assembleia Nacional em 1791 .

Mas foi a heroica irmandade de David que emblematizou a nova República , a imagem da deusa da Liberdade Marianne* criada em 1793 segundo o ideal de Rousseau a mãe personificando a regeneração da França . O ano testemunha a repressão pelos Jacobinos que consideravam as mulheres moralmente , intelectualmente incapacitadas para a vida política impedindo qualquer mulher de participar na sociedade política . Mas , apesar da restrição nas atividades políticas e a proibição de admissão a Ècole des Beaux Arts e a prestigiosa Classe de Fine Arts do Instituto ao final do século dezoito, com menos restrição aos Salons e ganhando maior dominância da pintura histórica e mitológica , houve um crescimento na representação das mulheres nas exposições dos Salons .

O papel de Jacques Louis David como professor de mulheres pintoras neste período crítico necessitaria de mais estudo devido às circunstancias nas quais essa e outras mulheres pintoras trabalhavam após a revolução .

As principais pintoras à época foram : Adelaide Labille-Guïard , Anna Vallayer-Coster e Marie Louise Elizabeth Vigée Lebrun

*Proponho mais tarde um estudo sobre a Figura da Marianne .