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Analise e comparação das obras escolhidas II

  • Liana Rosemberg
  • 20 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

Continuemos com a nossa análise comparativa.





A Venus de Urbino 1543 Oleo sobre tela , 1.19 x 1.65 Galeria Degli Uffizi Florença Italia


Observando a tela, a personagem também se apresenta m primeiro plano determinado pela tridimensionalidade espacial enfatizado pela meia parede, escura . A composição espacial do segundo plano nos permite perceber através das paredes, do chão e das janelas que se abrem para o exterior que se trata de um espaço interior E mais, pelos detalhes da composição como os tecidos brocados das paredes e do divã sobre o qual se espalham almofadas e a cobertura de cetim nas quais se reclina a personagem, a pavimentação luxuosa do chão, o veludo da cortina, indicam que além de ser um espaço interior pertence a um cômodo faustoso. As aias que ao fundo do aposento , uma ajoelhada que remexe nos baús e a outra em pé segurando um vestido apontam para a possibilidade de uma cena do cotidiano . Diferente da tela anterior pintada por Giorgione temos um espaço e uma temporalidade bem definidas.

A figura feminina nua guarda semelhança com a anterior , mas por se encontrar menos reclinada , acordada , segurando um ramalhete de flores e fitando o espectador estabelecendo uma relação entre a personagem e o espectador , transmitindo a ideia de ação , fato que absolutamente não ocorreu na tela de Giorgione .

Percebemos que essa personagem encontra-se enfeitada com pulseira , brincos e anel sugerindo que além da ideia de ação existe uma insinuação de que esta figura é de uma mulher da sociedade da época , retratada em seus aposentos , em companhia de seu animal de estimação e servida por suas criadas . Por essas observações parece haver a existência de uma metáfora .Uma mulher cuja imagem nos diz verdadeira é chamada de Venus e identificada pela palavra Urbino. Documentos históricos reforçam a hipótese de que a personagem metaforicamente representada sob o título de Vênus , seria em realidade uma cortesã veneziana , tendo o quadro uma comanda à Ticiano Vecellio do Duque de Urbino , Guidobaldo Della Rovere em 1538 . Podemos deduzir , portanto , que a tela se destinaria ao prazer da contemplação de uma figura feminina nua , a cortesã , provavelmente objeto do desejo amoroso do Duque. Chama atenção o animal de estimação , um pequeno cachorro , aos pés da figura feminina que poderia simbolicamente representar a fidelidade da cortesã ao seu amante . Indubitavelmente , o pintor soube dar forma às aspirações do mecenas , tendo sido uma espécie de agente de publicidade da sociedade hedonista de sua época .

Impregnado pelo espírito do Renascimento no qual a beleza física é fundamental, Ticiano não a vê não como beleza isolada ou abstrata como o fez Giorgione , mas viva respirando a atmosfera a sua volta . Seus nus não representam uma fantasia , mas uma visão objetiva , sem prejulgar , apreendendo apenas um retrato de um momento de uma vida . Portanto , podemos concluir que nesta obra Venus significa a metáfora da representação e uma mulher real , pertencente a sociedade da época , enquanto que na obra de Giorgione , Venus significa um conceito de beleza , representa um culto à beleza do corpo humano feminino .

Recordando Renoir “o nu feminino tanto nasce do mar quanto da cama : é chamada Venus ou Nini . Nada mais pode ser imaginado ou concebido” . Pela análise feita da tela podemos afirmar que essa seria a Nini pois trata-se de uma mulher real provável amante do Duque. Fascinante não é mesmo ?

Em ambas as telas a mitologia serviu como álibi para a representação do nu , a figura mitológica seria uma convenção cultural , sem dúvida , o nu feminino desde de que apresentado sob a capa o título mitológico , atenderia às convenções morais e sociais vigentes .

 
 
 

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