O Modernismo e a mulher moderna e artista II
- Liana Rosemberg
- 2 de jun. de 2021
- 8 min de leitura
O movimento feminista nas artes ou seja , seu comprometimento com a arte na qual reflete a consciência política e social da mulher , transformou a prática artística na America durante o período através do constante questionamento de um desafio aos pressupostos e ideologias patriarcais da “arte” e “artistas” . Um renovado interesse geral na mulher artista espalhou-se também a um número de artistas da geração anterior , muitas das quais ativas profissionalmente desde 1930 . O trabalho de Bourgeois , Neel , Bishop , Khalo , Nevelson e outras começaram a receber a atenção da crítica e do público que de a muito mereciam .
Durante os anos setenta mulheres artista mais velhas respondem ao novo , mais abertas ao novo clima na variedade de formas . Nevelson sob a interveniência de Cindy Nemser , mostrou sua visão de como as mulheres eram tratadas no mundo da arte de forma clara ; Bourgeois participou de encontros feministas e também participou de protestos enquanto Krasner , insistindo em não ser feminista , entretanto , estava no piquete no Museum of Modern Art junto com outras mulheres. A reclamação do passado histórico foi somente uma das muitas áreas de investigação feminista. Tanto na América como na Inglaterra grandes e pequenos grupos , privados e públicos de mulheres artistas começaram a levantar questões onde expor como mulheres , como encontrar espaço para trabalhar e para fatores políticos , teóricos e estéticos.
Muitas mulheres procuraram formas através das quais valorizar a experiência feminina . O início dos anos setenta viu uma explosão de trabalhos grandes tornar a inserir as experiências femininas na prática artística . Judy Chicago (nasc 1939) uma escultora treinada na Universidade da California em Los Angeles, organizou o primeiro curso de arte feminina no California State College em Fresno . No ano seguinte , Chicago e Schapiro estabeleceram e ensinaram num curso com programa feminino de arte na California School of the Arts em Los Angeles . Nesse período o imaginário de essência central era em parte uma tentativa de celebrar a diferença sexual e afirmar a mulher como diferente ao realocar conotações da inferioridade da mulher com os de orgulho no corpo e espírito femininos .
Georgia O’Keefee (1887-1986)
O lugar de O’Keeffe na história da America moderna permanece circunscrito pela tentativa de criar uma categoria especial para ela . A redescoberta começou com sua recente ascenção meteórica para a vanguarda da arte americana que aconteceu somente com sua exposição retrospectiva , no Whitney Museum , Nova York , em 1970 quando a nova geração de espectadores tomaram conhecimento do exemplo descompromissado de sua vida e da discreta integridade de seu trabalho . O’Keeffe escolheu viver longe de Nova York desenvolvendo suas pinturas nas paisagens na área de Abiqui , Novo Mexico , para onde se mudou permanentemente após a morte o companheiro Stieglitz em 1946 .
Nascida em 1887, O’Keeffe estudou desenho anatômico com Vanderpoel no Art Institute of Chicago em 1905 , dois anos após estudou pintura na League Art Student . Logo perdeu interesse no estilo acadêmico de modelos europeus , e foi trabalhar como artista comercial em Chicago . Frequentou o of Modern American Painters . O’Keefee expôs junto com Marguerite Zorach , duas mulheres dentre dezessete expositores importantes dos Modernistas Americanos .
As pinturas de O’Keeffe de 1920s do preciosismo dos estudos dos edifícios de N. York e o skyline às paisagens do Novo Mexico com sua formas distintas e cores intensas , em muitas pinturas de uma única flor ---- testemunhos intensamente pessoais expressos numa linguagem redutiva do início do Modernismo . Seu surgimento durante os inícios de 1920s como uma grande promessa de artista coincide com a aparência de atitudes mais liberais em relação a mulher inclusive pelo aumento de frequência nas escolas de arte .
Durante 1920 , a associação complexa entre as formas naturais nas pinturas de O’Keeffe e as que fundamentou seu talento considerável como “essenciamente feminino” legitimou a autoridade masculina e a sucessão masculina . Em 1923 na abertura de uma exposição em sua galeria Steaglitz declarou , “Mulheres podem somente criar bebês, dizem os cientistas , mas eu digo elas podem produzir arte --- e Georgia O’Keeffee é a prova disso” (trad livre da autora) .
Durante os anos de 1920, a artista foi obrigada a observar constantemente seu trabalho apropriado a uma ideologia de diferença sexual construída sobre as diferenças emocionais entre os sexos que apoiam essa reorganização . Homens eram “racionais” manipulando o ambiente para o bem de suas famílias ; mulheres eram “intuitivas” e “expressivas” dominadas por seus sentimentos e seus papeis biológicos . Ela ficou chocada quando , em 1920 , Marsden Hartley escreveu um artigo elencando suas abstrações em termos freudianos e discutindo “ percepções femininas e poderes femininos de expressão” em seu trabalho e aquele de Delaunay . Tais críticas estabeleceram uma categoria específica para O’Keefee . Elevada a categoria como epítome das mulheres emancipadas ela estaria de acordo com o status de estrela mas somente no topo da classe feminina . O fato sóciológico de sua feminilidade foi um sério precedente para a crítica séria sobre a avaliação de seu trabalho . Numa época na qual o feminismo radical advogava a “androgenia“ e designers como Coco Chanel “masculinizava” a moda feminina , como ja´vimos no post nterior , a arte mundial contrapõe ao apresentar a mulher que era “emancipada” mas “feminina” e na sua própria classe!! Enquanto Edmond Wilson saudava sua “partícular intensidade feminina” , e a crítica do New York Times declarava que “ela revela a mulher como um ser elementar perto da terra do que o homem, sofrendo dor com apaixonado extase e apreciando o amor além do prazer do bem e do mal” , O’Keeffe meaçou deixar a pintura se as interpretações freudianas continuassem a serem feitas ! Queixando-se de que as pinturas florais de Hartley e Demuth não eram interpretadas eroticamente ela lutou contra a identificação cultural da mulher com a natureza biológica do corpo como vinha sendo utilizado para assinalar o papel negativo da mulher na produção de cultura . É surpreendente sua pouca simpatia as tentativas de artistas e críticas feministas durante 1970 de anexar sua linguagem formal a busca da renovação pela imaginária “feminina” .
Summer Days

Black Mesa landscape New Mexico Tate Gallery

The most Sensual

Jimson Wed White Flower number one

Two Calla lilies on pink

Reflexions on oil canvas

Grey line with black blue yellow

New York Street with moon 1925

Se analisarmos cuidadosamente as obras florais podemos perceber a atenção dada aos pistilos (órgão sexual das flores) e entendermos as analises freudianas realizadas que tanto irritaram O’Keeffe . Para a artista eram flores sob nova visão estilizada e abstrata .
Nenhum movimento artístico desde o século dezenove celebrou a ideia da mulher e sua criatividade tão apaixonadamente como o Movimento Surrealista durante nos anos 1920 e 1930. Nenhum teve tantas mulheres praticantes , nenhum desenvolveu o papel mais complexo para a artista mulher num movimento moderno . A mulher surrealista nasceu tanto da visão romântica da união perfeita com a mulher amada como fonte para uma arte de desorientação convulsiva que resolveria o estado de polarização da êxperiência e consciência em nova, revolucionária resposta sureal a cultura sacudida pela guerra , quanto nasceu da posição de Freud da ambivalência dualista da mulher no centro de poderes criativos e subversivos do instito amoroso , na sua incompatibilidade nos papeis de mãe , de portadora de vida , e destruidora de homem .
Eilieen Agar
The W
Angel of Anarchy the gardian

The Witch Colagem

Elizabeth Lee Miler fotografa, modelo correspondente de guerra 1907-1977
The masks London 1940

Women Spies Hitler's bathtub,Hitler's apartment 16 Princegerentplatz Munique

Afastando-se da teoria do Surrealismo sobre a mulher e na busca da mulher musa , as mulheres se voltam para sua propria realidade . O Surrealismo construiu a mulher como objeto mágico e local no qual se projetava o desejo erótico do homem . (Ex. Salvador Dalí) . Elas recriaram-se como personalidades duais colocando-se entre os mundos do artifício Arte e natureza, ou da vida instintiva . A dualidade da vida da mexicana Frida Kalo -------- no exterior persona constantemente reinventada com vestimenta e ornamentos , e no interior uma imagem nutrida sobre a dor de um corpo aleijado num acidente de bonde quando ainda adolescente ----------investe na sua pintura com obsessiva complexidade narrativa que perturba sua ambiguidade .
Tanto Frida Kalo em “Coluna Quebrada” (1944) quanto Leonora Carrington em “Auto retrato” (1938) reforçam a utilização do espelho para afirmar a dualidade do ser como observador e observado . Simone de Beauvoir no “Segundo Sexo” interpreta a imagem do espelho como uma chave para a condição feminina . Mulheres preocupam-se com sua própria imagem , diz ela , homens com o aumento da sua imagem delegada pela reflexão de sua imagem nas mulheres .
A coluna quebrada Frida Kalo

Auto Retrato Lenora Carrington

Frida Kalo usa a pintura como meio de explorar a realidade de seu próprio corpo e sua consciência dessa realidade: em alguns casos a realidade se dissolve na dualidade da realidade exterior versus a percepção interior dessa realidade . A própria imagem no trabalho da mulher artista torna-se foco para um diálogo entre o ser social construido e a força do poder da vida instintiva qe o Surrealismo celebra como um instrumento revolucionário que poderia sobrepujar o controle exercido pela mente consciente. (A tese de doutorado de Salvador Dali foi sobre o psicanalista Jacques Lacan) .
Mas ao se deparar com a inflamada linguagem erótica do Surrealismo , as mulheres focaram sua atençao nos aspectos de outro erotismo que não o desejo sexual feminino Voltando-se para suas próprias realidade sexuais como fonte e sujeito , foram capazes de escapar dos conflitos criados pelo distanciamento adquirido do papel tradicional das mulheres .
Para Kalo como para outras mulheres artistas associadas ao Surrealismo , a pintura torna-se um meio de sustentar um diálogo com a realidade interior . O Surrealismo sancionou a exploração pessoal para ambos os sexos , e ao faze-lo , legitimou uma senda familiar a muitas mulheres e forneceu uma nova forma artística para alguns conflitos que afrontaram mulheres nos movimentos artísticos do início do século XX .
Lenora Carrington (1917-2011)
Na “Auto Retrato” mostra sua atração pela magia e pelos contos fantásticos mexicanos. Carrington viveu no México quase que a totalidade de sua vida . Na tela acima ela se encontra sentada numa cadeira azul sobre um pano vermelho , prisioneira numa sala azul vestindo um traje de montaria branco , botas de montaria estilo vitoriano , jaqueta verde , cabelos desordenados tendo por companhia uma hiena com três tetas flácidas indicando ter tido filhotes a pouco tempo , um cavalo grande de brinquedo peso na parede cuja sombra parece pintada na mesma e pela janela com cortinas amarelas é possível descortinar um cavalo pequeno no campo e alguns cactos . Esse estranho elenco poderia ter saído dos contos bizarros e malévolos da época .
Surrealismo perdido

A Arvore da vida


I want to be an insect escultura em ferro
Frida Kalo (1907-1954)
Espero que a partida seja feliz e espero nunca mais voltar.
Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?
Pinto à mim mesma porque sou sozinha, e porque sou o assunto que conheço melhor.
Essas frases de Frida a descrevem e a sua produção artística muito bem !!
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Frida Kalo foi casada com o grande muralista mexicano Diego Rivera numa relação muito conturbada . Sua vida pessoal não foi menos conturbada e bastante infeliz !!!!
John Ford Hospital segundo aborto

Unos cuantos piquetitos Frida Kalounos

Auto Retrato com espinhos beija flor

Frida Kalo possuia o sonho de ser mãe , mas sofreu três abortos sua frustação ela revela través da pintura na primeira tela . Frida Kalo através de sua arte retrata sua indignação aos maltratos que as mulheres sofriam na segunda tela E no seu auto retrato demonstra sua dor através dos espinhos que a machucam e seu amor ao Mexico através dos animais que a rodeim e o fundo verde representativo das matas .
Para Kalo como para outras mulheres artistas associadas ao Surrealismo , a pintura torna-se um meio de sustentar um diálogo com a realidade interior . O Surrealismo sancionou a exploração pessoal para ambos os sexos , e ao faze-lo , legitimou uma senda familiar a muitas mulheres e forneceu uma nova forma artística para alguns conflitos que afrontaram mulheres nos movimentos artísticos do início do século XX .
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